Cresci seguindo as cores de dois
tipos de heróis completamente diferentes. De um lado havia os quadrinhos e
desenhos com suas capas, suas máscaras e suas frases feitas. No outro canto
havia a realidade onde um herói de roupas gastas, rugas na face e conselhos de
vida me colocava para dormir todas as noites após um natural “Deus lhe abençoe”.
Cresci assistindo a luta diária
deste segundo herói, meu Pai e sua tentativa de vencer seus próprios medos para
que nunca monstro nenhum chegasse a tocar em mim! Cresci vendo em seus olhos a
permanente tentativa de me fazer melhor e mais forte, a busca por me mostrar a
cidade e me ensinar quais foram as pedras com as quais ele já havia topado... Minha
moral não é minha, mas sim dele! Com ele que aprendi que “o que é errado é da
conta de todo mundo”, que eu “nunca deixe ser pegue pelos punhos” como se fosse
um culpado, que “tudo demais faz mal”! Com ele que aprendi o que é gratidão,
respeito, companheirismo, ética... As músicas que escuto primeiro escutei em
nosso velho rádio no quintal de nossa casa... Os ídolos que imagino, todos
possuem algo dele... Ele que me apresentou o mar e o morro!
É difícil crescer e perceber que
seu herói também é um homem, que agora sem precisar lutar por você não se esquiva
tanto de seus próprios monstros. Se nos quadrinhos as capas e máscaras nunca
desbotam, na vida o tempo enverga colunas e mareia olhares. Agora como filho
vejo que a grande luta de meu herói é contra o tempo, o tempo que passou e as
marcas que ficaram, o tempo que ainda vem e a incessante pergunta “de onde
tirar forças? Por que ainda lutar?!” E minha resposta egoísta a estas duas
perguntas é muito simples: “Por que eu ainda preciso de heróis!”
P.S: Crônica feita em homenagem ao aniversário de meu Pai, Sr. Marcos Nunes.
P.S: Crônica feita em homenagem ao aniversário de meu Pai, Sr. Marcos Nunes.