quinta-feira, 23 de junho de 2011

Minha Geração

Não é nada disso! Não é nada disso que está estampado nas vitrines! Não é essa dor falsa que tão vendendo em tablete! Não é nem verdade! Você não consegue ver, não consegue sentir, não consegue enxergar em meus olhos! Mesmo se eu gritasse com todas as forças dos meus pulmões o máximo que você conseguiria fazer é fingir que entende, mas você não quer entender! Nunca quis! Pra você essa dor é só falsidade e pesar mentiroso, pra você isso não passa de um ornamento para uma cara feia e magra, você nunca soube como dói, nunca vai sentir! Não é humano, nem tão pouco humana pra isso!

Sou humano até a tampa, vou morrer assim, criação de Deus, blasfêmia encarnada! Dejeto de meus pais, de meus antepassados, encharcado de tudo que não quero ser... Então como não pesar? Como não sentir o enorme trouxa que sou sobre os ombros de minha alma? Alma fraca e triste, sem cor e sem vontade, sem tesão, sem dinheiro pra comprar os prazeres, frigida e enlatada numa coca-cola light! Como serão meus futuros, como foram meus passados, como sou!

Vou cuspindo em mim... Pra vê se me limpo por dentro...

Dor latente em minha geração (“My generation”) que transpira em mim! 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Confuso (Procurando um "Achados e Perdidos")

De constelações de sentimentos são feitas todas as pessoas, algumas mais beijos que desejos, outras mais carinho que amor, alguns sentimentos ruins e alguns sentimentos bons... Vai saber como se encontram! Como descobrir como se conjugam os sorrisos com os desencontros, os amores com os desamparos, as vontades e as frustrações, os medos e os quereres!

Quando se quer e quando se quebra? Como se vende quando não se vence? Como cair ganhando? Tropeçar voando... Voar pra quê? Se na terra estão meus “cadês” tão perdidos?! Assimetricamente perfeito e infinitamente acabado numa construção sem fim... perdido em mim! Preso cansado da mesma cela enfeitada com os desenhos de suas tatuagens desbotadas, desmanchadas em suor e chuva, em sonho e queda, em tudo e nada, em mim e no todo, e nos perdidos que ainda estão por aí, vagando nos labirintos das cidades desfaceladas em um moinho sentimental e alienado!

Procuro um “Achados e Perdidos” que possa me entregar a alguém! Que possa me pôr em mãos seguras de carinhos por mim, de enfeites para a alma, de sorrisos no rosto e presentes queridos...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Sonho e Sangue

Vou lhes contar uma historia, era uma vez uma alma que existia! Não sabia bem como, tinha consciência de que habitava um corpo que transitava por aí, tinha consciência da dor, tinha consciência do prazer e do gozo... Apenas não conseguia compreender como tudo aquilo poderia ser real e qual o sentido daquela realidade. Então esperava a todo instante que alguma coisa a salvasse de sua situação de ignorância... Alguma coisa! Esperava que o telefone tocasse e de alguma forma fosse a voz de Deus a lhe dizer o porquê de tudo aquilo, esperava que alguém batesse à porta e lhe sorrisse como quem traz o remédio antes da morte! Esperava que alguma solução brotasse do álcool, brotasse do chão da cidade, descesse da Lua qual São Jorge a lhe ofertar as respostas...

Mas nada aparecia no branco da parede pintada, nada surgia diante de seus medos mesmo quando abria os olhos. Então mais um gole de vodca para que a alma se mantenha calma... Bebia como quem sedava um paciente prestes a um transplante de coração, bebia mentindo que acreditava, bebia como quem creditasse àquilo alguma coisa que valesse a pena, bebia para admitir sua própria fraqueza e disfarçá-la em arte escrita... Uma alma que escrevia em busca de algum valor para si! Escrevia como quem sente a ânsia por encontrar o caminho de volta, como o medo da tortura, como o deslumbre das paixões, escrevia como quem mente e buscava nisso alguma honra que lhe fizesse valer algo de bom...

Uma alma que não sabia ser alma... Queria mais que tudo ser Corpo ou ser Deus! No entanto estava aprisionada a ser meio termo, condenada a sangrar e a sonhar ao mesmo tempo...

P.S: Escrevo isso para os outros! Nunca escrevi para mim, Eu não me importo...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Quase tudo

Tudo que sinto guia tudo o que faço... Tudo que escuto reflito, e tudo que reflito eu falo... tudo o que falo penso e tudo que penso escrevo... Tudo que escrevo me tem e tudo que me tem eu sou... Tudo que sou eu sinto e tudo que sinto guia tudo o que faço...

“Quem vem lá sou eu,
  Quem vem lá sou eu
  A tarde escureceu
  No caminho de deus
  Cavaleiro sou eu
  Sou eu
  Sete léguas de estrada,
  Sete noites acordada,
  Sete braços de mar
  Sou eu,
  Sete sambas de roda,
  Sete palmos pra morte,
  Sete mortes no olhar”
  Cavaleiro – Caetano Veloso

terça-feira, 7 de junho de 2011

Antiherói



Uma imensa vontade de escrever, e bendito seja o vazio de cada dia, que visita novamente meu peito, sua morada a tanto esquecida! Aprendi a amar do jeito errado, sem reservas e sem metades... Aprendi a amar como quem descobre um segredo que não deveria ter escutado nunca.

Deito em minha solidão como quem se acomoda em útero materno... Fetalmente entregue a minha progenitora. Antiherói faminto por algum reconhecimento que nunca virá, e que por isso permanecerá sempre em segundo, por todo o tempo! Os antiheróis apenas existem por não terem conseguido voar, na há esta falsa pretensão em ser melhor sendo menos que os outros... Isto foi uma mentira inventada por algum perdedor, que para consolar outro fracassado a contou, e contou para outro, e outro, e outro... Até que os antiheróis estavam nos quadrinhos e nas telas de cinemas e os fracassados puderam afirmar que já não eram tão perdedores assim. Eles só eram antiheróis, alternativos, visionários...

E isso é contato como um segredo extremamente valioso, até hoje, como consolo para aqueles que buscam motivo para viver em meio a sua lástima história.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Extra Arte

Extra! Extra! Venham todos, acabou de ser lançado o mais novo retrato da arte fortalezense (“Nunca antes vista na história do Brasil!”), arte desimportante e politizada! A ópera do forró! O dadaísmo lapidado! O samba do crioulo doido e as noites de música clássica do TJA! As crônicas dos jornais ainda pingando sangue! Os programas de televisão que riem do incomensurável! As igrejas que berram e os pedintes que rezam (e roubam, não necessariamente nesta mesma ordem...)! Os grafites nos muros e os mortos no chão!Os blogs e a pornografia infantil! A Fortaleza fraca das pernas e bela das madrugadas (do calçadão da beira mar à BR 116)! A arte efêmera que se embalsamou no museu da cidade! As universidades falidas de nome e as universidades de nomes falidos! Eis que nova arte surge na megalópole Capital!

Qual foi a última tendência? Não importa! Na minha geração os últimos não importam. Só nos importam os primeiros, os que ficam para trás não escrevem nem contam história nesta terra queimada de sol que não pode ver chuva que quer inundar! O único sentido é pra frente, mesmo que à frente não tenha sentido... Os sonhos ficaram para as margens! Nos perdemos enquanto corríamos atrás para não ficar para trás! Mudar o mundo? Alguém ainda quer mudar o mundo? Da última tentativa nós nascemos...

Qual arte vocês esperavam que saltasse da televisão? Que entrasse nos cérebros das crianças e as alimentasse a alma(lembra do café da manhã da Xuxa?)? Quem faz arte em Fortaleza? Meus queridos escritores que teimam em existir? As intervenções urbanas que pintam em meus olhos? Os que dançam? Os que gritam? Os que encenam de verdade? Que arte é essa? Pra quem é ela? Arte pra “elite”? Arte pra ganhar dinheiro? Pra ganhar sexo? Pra ganhar fama? Arte pro Benfica ou pro Jangurussu? (Falarão: “Arte para todos!”. Hamrram! Sei...)


Arte em Fortaleza é sinônimo de resistência! Todo mundo posto em um balaio de gatos molhados, e o povo que decida... E que a história decida quem serão os remanescentes de tempos tão intrigantes! Intrigantes, e como não? Para onde você vai sábado a noite? Para o Templo da Poesia ou para a Casa de Forró? Há quem diga que a segunda opção não se configura como arte. Mas quem sou eu para julgar, deixemos que o povo e a historia decidam, visto que a voz do povo é a voz de Deus, e quem sou eu pra discutir com o “Homi”?! Tantos conceitos de arte já foram criados, qual seria o que resumiria melhor o quadro geral?

Como acúmulo cultural nos deixaram um paradoxo colossal! A modernidade... A pós-modernidade... A contemporaneidade... E fiquei perdido! Sem saber onde estou (E ainda foram inventar esse negócio de física quântica)! Então, sábado, pra onde você vai?

P.S: Qualquer necessidade de responder a estas perguntas de forma séria não é arte (rsrsrsrs)!