É na queda que me torno, que me toco - Moleque de periferia não se acostuma com vida fácil, "tem alguma coisa errada". As portas que aparecem são sempre cheias de esperança, com perfumes de vida, com gosto de sol, no entanto, por trás de cada novo portal se esconde mais um labirinto de pedras, sombra e medo. O que fazer? Parar e nunca mais sentir as essências das portas ou encarar mais um labirinto imenso pelo aroma fugaz e traiçoeiro que emana de cada nova passagem? Correr ou ficar? Encarar a morte e perder a vida ou continuar sobrevivendo? As mesmas perguntas, as mesmas repostas, a mesma falta de coragem.
Escrevo para entrar nos labirintos e cada palavra, imposta e impostora, se torna migalha de pão que vou deixando no caminho, como barbante de segurança por onde posso voltar. Cada palavra me remete ao que sou para trás, visto que dos três tempos sempre tive mais medo do futuro - e é por isso que escrevo quando morro. Toda palavra é pedaço de chão, é passo para frente, é caminho vencido. Toda escrita circunscreve o que sou nas nuvens, me torna substância, me concretiza. Escrevo porque preciso caminhar.
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