segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Simulacro


Eu sou o tipo de pessoa que repudio! O tipo de pessoa que me faz atravessar a rua, dos monstros o mais feio, das sombras a mais escura, das mentiras a mais bem contada, dos medos o mais mesquinho, da covardia a mais infame, do mau gosto o mais presunçoso, da perdição a mais equivocada, dos sonhos o mais acordado, das noites a sem estrelas, dos dias o mais nublado!

Sou minha menor tentativa e meu maior fracasso, meu repúdio da vida e meu medo da morte, sou quem triste caminhou pelas ruas... Eu e minha cara displicência dissimulada de perdição! Eu e os falsos objetivos que me cercam... Eu e minhas cercas! Os inúmeros disfarces que trago nas chagas do peito, o sorriso que aprendi a exportar, os lucros que me sugaram a alma, as vidas que me sugaram a alma, os planos que me sugaram a alma, a pouca alma que restou. Quanto disso será verdade? E quanto será mentira? Quando saberei?

Quem acredita em crônicas está habilitado a cobrar dos contos... Quem acredita em mim está habilitado a cobrar minha amizade...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Olhos Fechados


E eis a necessidade de Paixão, que desaba sobre a alma como se fosse fundamento sine qua non para a existência de quem vive! E eis a Paixão a me cobrar algum fogo, algo que torne a vida uma chama esgotável, passageira e intensa. Algo pelo quê lutar e morrer (e morrer, e morrer, e morrer!), uma paixão que queime, um olhar para desejar felicidade, um motivo para “se dá bem na vida”!

Um amor, talvez... Uma paixão com certeza! Alguém que atribua a esta vida insignificante mais insignificância e um pouco de sentido, uma fuga do vazio, um medo de perca, uma vontade de vitória, alguém com quem sonhar e iludir a morte. Ora, óbvio é que toda esta necessidade nasce de uma medíocre cabeça(e coração), claro que tudo isto não passa de fuga, falta de maturidade, medo e outras fraquezas listáveis. Mas já não me abstenho de sentir estas dores em meus calcanhares, aliás, mais que isso, já não há como escapar destes grilhões que me foram dados como quem dá um belo colar de diamantes, quando acorrentado ando pelas ruas da cidade a desfilar minha felicidade para os incautos que ainda não sabem o que é amar no cair da madrugada. Um amor que bata a porta, que ligue pela manhã e diga que está chegando, que pergunte como foi meu dia e se já tomei o remédio para gripe, que me traga um sorriso a falar uma tolice, que me ensine mais sobre a vida...

Tenho dito em mesas, sobre o etílico efeito de uma cerveja, que “amores não se procuram, simplesmente se acham”! E não adianta nem olhar para as estrelas, para o chão, para o mar, para os olhos de quem passa... Amores se esbarram!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Olhar


Dentro dos olhos de qualquer pessoa moram verdades que sua boca não pode falar! São os olhos que guardam sob suas cores linhas de tempo que constroem cada pedaço de alma, é neles que estão as tristezas, pois as alegrias sempre são ditas, enquanto as tristezas se escondem por medo de sofrer...

Quantos belos olhos pode um homem enxergar? Quantos olhos podem enganar um coração apaixonado? Quantos olhares são precisos para se construir uma verdade? Olhos abertos revelam um coração corajoso, olhos distantes sempre mostram um coração perdido, olhos fechados podem ser tudo... Um beijo, uma lágrima, um sonho, um medo, um amor! Olhos também são construídos com o tempo, já vi olhares que mudaram, que sumiram, que perdi... Olhares que beijam e que amam como se fossem a melhor forma de fazer isso, olhos que choram como se fossem a pior forma de fazer isso, olhos que abraçam como se não tivessem escolha! Olhos que enxergam longe com nobreza, olhos que são inteligentes mas sem valor algum, olhos míopes mais sinceros, olhos lindos e dissimulados!

Você já olhou os olhos de uma pessoa? Já namorou com os olhos? Já amou um olhar? Já buscou os olhos de um inimigo? Já sentiu os olhos de um amante(?)... Não é preciso enxergar para ter bons olhos, os velhos que o digam! Seus olhares, por vezes já sem luz, contam histórias de vida como se fossem livros abertos, encobertos de poeira e brilhantemente escritos. Nem tão pouco faz-se necessário sabedoria e compreensão para ter belos olhos, as crianças que o digam! Com seus olhos sempre abertos em direção a luz, descobrindo o mundo e nos trazendo esperança de dias melhores. Ah... Olhos de mãe! Com aquela absoluta certeza de que somos uma maravilha do mundo moderno, que delicioso engano!!!

Os olhos são as partes mais importantes de uma conversa, é neles que tudo se diz. Quando o dia raiar amanhã escolha com que olhos você quer sentir o mundo e que tipo de olhares você quer retribuir às pessoas. Também preste atenção aos olhares que lhe são direcionados, sinta-os, pois eles te tirão como o mundo te percebe.

Olhe, veja, enxergue, sinta, perceba e depois... Olhe de novo!