O que será que refletiria no
espelho se acaso minha alma pudesse ser captada? Qual seria a imagem a estampar
o vidro caso nele estivesse contido minha verdadeira essência? Será que todas
as minhas exclamações de “me conheço” cairiam por terra? Ou seria confirmado
que meus monstros já me são familiares? Seria interessante ter a absoluta
certeza do que a história, o mundo, as pessoas e eu mesmo fiz comigo! Identificar afinal quais são as verdadeiras peças que compõem esta figura tão
insólida...
Nasci de ventos que passaram e de
seus rastros apenas os ecos ficaram para contar histórias esquecidas!
Nasci por entre ruas e árvores, entre carros e carroças, entre a praia e o
sertão, entre o céu e a cidade... Nasci de minha mãe, de
meus amigos, de minhas surras, nasci de minhas vitórias e de minhas mortes! E em
todas as vezes fui deixando pedaços para trás, como quem abandona um estorvo que
nada mais era que parte de si.
O número de meus nascimentos
equivalem ao número de minhas mortes, e não cometerei a pieguice de afirmar
que a cada fim houve um "recomeço”! Algumas marcas trago no corpo e na alma até
hoje, e sei bem que me acompanharão até os vermes, mas não é bem isso o que
importará, pois quando for olhar o espelho estas marcas de minhas quedas serão a minha verdadeira face, serão meu diferencial... Minhas cicatrizes são o que me
torna, o que me lembra quem eu sou! No espelho serão as cicatrizes de minha
alma e as rugas de meu rosto que irão me desenhar. E apesar de toda a
brutalidade com a qual escrevo isso e toda a figura corcunda que parece surgir,
esta é minha melhor “poesia”.
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