O ato de escrever ocorre em mim
como uma gripe mal curada, mas não sinto-me como o corpo gripado, na verdade
reconheço-me mais no vírus insistente! O que busca a todo modo permanecer no
corpo afim de causá-lo alguma enfermidade, há apenas uma diferença óbvia neste
processo, eu, ao contrário do vírus, infesto minha alma desta vontade não como
quem semeia a doença, mas sim como quem busca a dádiva! Sempre afirmo isso, “escrever
é a forma mais mentirosa e funcional de fazer com que o homem sinta-se Deus”,
percebendo nesta descrição não uma possível heresia, mas sim uma necessidade de
me encontrar “imagem e semelhança”.
Ser humano (como ação do
indívíduo em tentar ser) é a maior comédia já inventada, pessoalmente me sinto
como o ramister que esqueceu de parar de correr e continua dando voltas e mais
voltas dentro de sua gaiola. Como ser humano? Qual o trajeto programado para
objetivo tão tortuoso e tão cobrado? Amar, viver, crer, sentir, morrer, sofrer,
cair, levantar, cair, levantar, cair, levantar... Fazer tudo isso como se esta
fosse nossa natureza impermeável e mesmo assim passar a vida inteira se
perguntando “será que era isso mesmo que devia fazer?”. Bem aventurados serão
aqueles que encontrarão as respostas nas revistas e bancas de jornais, aqueles
que saberão desde seu nascimento quais as verdades do mundo, aqueles que irão
sorrir ao lembrar de nossas perguntas idiotas! Nossa geração procriará desejos
efêmeros e irá colher seus vendavais de chumbo, mas nunca mais seremos
algemados, roubarão nossas almas antes de tudo... E nunca, em toda a história
da humanidade, o fim esteve tão perto, e nunca, nesta mesma história, ele fez
tão pouca diferença!
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