Me perdi das horas, dos dias da
semana, me perdi entre os cabelos das mulheres, entre os olhos da cidade, entre
os corpos que amei, me perdi entre os relatórios, entre os sonhos, entre as
canetas e as pernas... Me perdi de minha família, de meus pais e de meus
amigos, me perdi em uma Fortaleza de fracos, dos planos fugidios e sublimes! Me
perdi de quem eu era, de quem sou e de quem eu serei...
Abandonei meus faróis e perdi
passos na escuridão, apostei em cavalos que não corriam por mim, em corações
que não batiam por mim, em estradas que não eram as minhas! Quis viver antes da
hora, quis morrer antes da hora, quis dormir o tempo todo... Quis o mundo e me
achei senhor, mas depois encontrei a verdade do quarto bagunçado e da alma em
chamas dentro de um corpo vazio! Quis ter tudo, fazendo do meu tudo um nada...
E consegui! Agora na vida assemelho-me a qualquer mendigo de estrada, a
qualquer cão de calçada, a qualquer coração a bater sem motivos!
Todos os objetivos fugiram de
mim como uma cruz a fugir do diabo! E que lição deverá ser tomada dessa
desventura? Como construir novos objetivos ou como destruir os velhos?! Há
alguns dias sinto o peito vazio... Sinto que o ano me atravessou com várias agulhas,
sem nenhuma intenção de morte, mas também sem explicar qual era a intenção... Agora 2011 vai acabando como um rei moribundo
que não consegue mais falar os motivos da guerra!
Talvez isto seja a última coisa
que escreva este ano, um ano delicioso e confuso, um professor de poucas
palavras, um mapa pela metade, uma lição que deixou o aprendiz à própria sorte.
Azarado aprendiz, sempre pensando que seu azar no jogo lhe traria sorte no
amor... Descobriu que a “sorte” não
existe!