O que restará depois de nossas lutas? Quem dirá nossas bravuras quando já não houver mais inimigos para que possamos combater? Quão vã são nossas batalhas!!! Devia entregar-me ao deleite da vida e não permanecer lutando contra mim mesmo, ao final, nestas lutas sempre me sinto mais derrotado que vitorioso...
Pateticamente permaneço em minha angústia semi-artificial! Devia estar a me preocupar com os problemas sociológicos do mundo, escrevendo algo de importante e reflexivo, ou ao menos sair desta maldita masmorra pra tomar um banho de sol... Ao contrário, mantenho um desejo inacabado em meu peito e uma vontade a martelar em minha cabeça: “Como será o dia de amanhã?”. E a pergunta me cobra o valor da alma pela resposta. Jazo, portanto, inerte sob sete palmos de concreto enquanto não decido que caminho tomar. Manter minha alma íntegra ou mutilar-me em busca de uma resposta que talvez nunca queira escutar... Acabo concordando que “toda dor vem do desejo de não sentirmos dor!”.
Poderia vencer a complacência que me mantêm trancafiado, sair por esta porta e desafiar o Sol! Dizer-lhe que a Lua sempre me foi mais interessante, que este brilho que me ofusca não esconde sua fraqueza e ele que vá com suas fraquezas para que o Diabo o carregue. Combater o bom combate contra o espelho, se debater contra as grades do próprio corpo até que todas as vidraças estejam quebradas e os estilhaços estejam todos manchados de sangue sobre o piso branco, só aí, quando todas as paredes que me prendem e sufocam minhas forças tiverem ruído frente a minha revolta, poderei enfim afirmar que sou um homem livre dos meus próprios demônios...
Fugir de mim, vencer-me e finalmente me ver como outro... Melhor talvez.
Fugir de mim, vencer-me e finalmente me ver como outro... Melhor talvez.
"Eu apenas me perdi. Todo rio que tentei atravessar... Toda porta que testei estava trancada!
Estou... Apenas esperando o brilho se apagar..."(Lost - Coldplay)
Marcos Levi Nunes