quinta-feira, 29 de março de 2012

Ufania

Tanta beleza deveria ser pecado! Deveria julgar-se errada por sair às ruas esbanjando esse sorriso tão displicente, como se não soubesse do risco que corre cada um que te vê passar, aliás, será que não sabes? Será que não é clara a impossibilidade de resistir ao ingênuo toque de tua mão? Ato que desferes de forma tão minuciosa, enquanto eu fico a olhar para tua pele como que enfeitiçado por uma sereia que não precisa pronunciar uma palavra sequer para me enredar em sua trama... Apaixonante, cedo e não haveria outra coisa a ser feita.

Quantas almas vagam na cidade a pleitear um lugar em teu coração? Sou apenas mais um apaixonado por teu encanto, por isso me calo. O silêncio torna-me único, mas só eu sei o infortúnio que representa calar-me a cada momento que te vejo passar, a cada palavra trocada, a cada olhar que me acerta,  cada sorriso desferido me é qual flecha banhada em um doce perfume. Cada lembrança tua me traz uma palavra: carinho, desejo, cuidado, vida. De forma que não pertence a mim este pequeno texto, é de teu inspirar que ele nasce... Brota das lembranças que tenho sobre teus beijos e tuas carícias!

Que os deuses do tempo tomem logo conta de minha memória e que esvaiam de minha alma as lembranças de teu corpo que ainda habitam meu espírito...

sábado, 24 de março de 2012

Acaso



Quão engraçados são os caminhos com os quais nos deparamos na vida! Todos tão cercados de mistério e beleza, de tristezas e sorrisos sem fins (lucrativos ou não). Mas, de tudo isso que nos é muito bem sabido, o que mais me intriga neste exato momento é o “doce fel” da incerteza, o quão próximo estão vitórias e derrotas, fracasso e sucesso! Quantas vezes em sua vida aconteceram fatos, ínfimos e superficiais, que acarretaram mudanças tão profundas em sua alma que trazes estas marcas até hoje?

Por vezes matutando com minhas lembranças recordo-me dos momentos em que, por pura obra do acaso, fiz algo que não estava em meus planos e este pequeno desvio mudou toda a minha vida! Uma festa que não pretendia ir, uma reunião desnecessária, um livro que me forcei a ler para impressionar alguém, um encontro inesperado, uma cadeira de ônibus na qual sentei, e como num passe de mágica(“Tcharam!!!”) algo acontece: Um sorriso, uma paixão, um emprego, um inimigo, um medo, um assalto, um amor, uma tristeza, um poema, um sonho... É quando o desvio passa a ser “O caminho”, eis o exato momento em que fazemos nossas escolhas e que decidimos nossas vidas. É quando surge também a inesquivável pergunta: “E se?”. E se eu tivesse saído mais cedo ou tivesse ficado em casa? Se eu não tivesse sentado neste canto, mas sim em outro? Se fosse outra camisa, se fosse outro cabelo? Se tivesse chovendo? A resposta óbvia é que não estaríamos vivendo nossas escolhas, a pergunta menos feita é: O que estaríamos vivendo? Quem eu (ou você) seria?

Neste momento penso que derrota e vitória estão tão próximas, e a linha que cria esta fronteira é tão tênue, que a busca pelo sucesso pode ser o que há de mais medíocre nas duas faces da Terra! Felicidade e tristeza podem estar em um simples sinal vermelho, ou na compra de um chiclete depois do almoço, em uma gota de maionese que cai na ponta do sapato...

Então o que fazer, já que o sucesso é algo tão importante? Afinal “todo o mundo quer se dá bem” no trabalho, no amor, nas contas a pagar, nos objetivos a serem realizados... Como buscar o sucesso se a qualquer momento o inesperado pode presentear-me com uma bela derrota sorridente? Cheguei à medíocre conclusão de que o sucesso nunca é um alvo, mas sim um resultado! Um somatório dos acasos com os quais nos deparamos e as escolhas que fizemos trarão à tona as cores que preencherão a fotografia de nossas vidas! Cada tropeço, cada vontade, cada esforço, cada queda, cada sonho, cada luta, cada ato que fizermos serão as peças que no final irão se encaixar e formar o cenário onde nossas almas atuarão... Não sei nada do meu futuro, sei que em meu presente(com mais falhas que acertos) venho tentando ser o melhor de mim...